domingo, 14 de abril de 2024

Limpezas da transformação...

Que trabalho nessa vida, limpar nossa casa dentro... Porque, pra limpar precisamos conhecer o que lá está. Precisamos entrar em contato com o que vamos conhecendo. Não dá pra "pular esse pedaço" de limpeza, não dá pra não sujar as mãos. E não adianta somente conhecer, ao "entrar em contato", necessariamente, sentimos. E temos todos os tipos de sentimentos dentro, dos mais lindos e arejados aos mais densos e amarrados. E como queremos sempre parecer arrumadinhos, tentamos nos esquivar dos sentimentos difíceis, dolorosos.Temos técnicas variadíssimas pra colocá-los debaixo da cama, debaixo do tapete, debaixo da terra...Gostaríamos mesmo, se fosse possível, de exportá-los pra outro planeta, que alívio!! Mas em algum momento , precisamos desenterrar e olhar o que não foi devidamente cuidado, o que ficou pra trás. Poque começa a pesar muito, torna-se um fardo impossível de carregar. Quando a vida lhe obriga a entrar em contato com esses fardos, quando coloca a coisa bem debaixo do seu nariz, por mais difícil que seja, é uma chance grande. Não queremos evoluir? Não queremos ser inteiros, íntegros, com um olhar leve e profundo? Então nos abastecemos de honestidade e muita coragem, de muita paciência conosco, de muita auto-empatia, e começamos, mais uma vez e sempre, a limpeza e organização do nosso material interno. Limpar as cavalariças de Augias dá um trabalho danado e não cheira a patchouli . É um trabalho hercúleo! Será por isso que Hércules o fez? Estamos em tempos trabalhosos e , muitas vezes, precisamos de esforços hercúleos. Quando Lobato faz a Emília estar na Grécia Antiga e acompanhar Hércules nos seus Trabalhos, devia saber um pouco sobre toda essa dificuldade, pois a Emília deu algumas mãozinhas de ajuda ao nosso herói. Mas nós, multi-hércules dos nossos tempos atuais, também temos muitas mãozinhas nos ajudando. Mãozinhas invisíveis e mãozinhas bem visíveis também. Quando viemos para essa encarnação, trouxemos um propósito bem definido, um compromisso de participar ativamente desse momento de transformação. Ao longo do caminho fomos esquecendo do ponto central da nossa encarnação, fomos nos distraindo.. .Mas já faz um tempo- e agora mais que nunca - que é momento de lembrar e assumir. " O mundo se prepara para uma grande mudança - Você quer ajudar?", pergunta a Mãe. Sim, queremos. E essa ajuda passa por essa limpeza dos sentimentos, dos pensamentos, das sensações, de tudo. É como virar ao avesso.Como diria Caetano " o avesso do avesso do avesso"... - " O ego foi o assessor, o ego é a barreira" , diz nosso querido mestre Aurobindo. Estamos exatamente no momento onde ele é barreira, interrupção para o novo, para a transformação. Nosso trabalho é com ele, ele que se agarra aos ciscos da caverna, aos infindáveis julgamentos de si e do outro, à velha máscara do zorro,apertada demais. Com nossos dedinhos alargamos ele, vamos abrindo espaços dentro, ampliando, deixando a onda do mar lavar e a luz do sol banhar, o fogo queimar o que já não serve à nossa evolução,o vento passar com suavidade caridosa e curativa, o fôlego aumentar,o olhar se aprofundar...e a dança continuar . Dance, dance, dance, senão estará perdido, disse Pina Bausch. Continuamos na dança. A vida é nossa parceira nessa preciosa dança, nada pode dar errado. Avancemos, pois. Vamos ouvir música? Vamos ouvir a Sétima Sinfonia de Beethoven , com seu maravilhoso segundo movimento da caminhada do rei gago pra fazer seu discurso. E complementamos com as canções praieiras de Caymmi, que sempre nos disse que é doce morrer no mar...

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