Tenho receio de métodos absolutos. No momento em que um método se torna uma verdade absoluta, há uma distorção. Utilizamos os métodos como ferramentas necessárias, com certeza, como vias de acesso.
Na vida, na profissão. Eles são os dedos que apontam, que pegam, que podem tornar a coisa viável, tangível, possível. Mas não podem ser " a coisa", eles são uma via de acesso para " a coisa". Porque "a coisa" é infinita, imensa, sempre em movimento dinâmico,a essência do universo, a essência de cada um, o imenso e o minúsculo, o verdadeiro...
Combinamos, então, que o método é via de acesso.
Isso parece óbvio, mas, na prática, não é bem assim.
Frequentemente vemos que as pessoas ( nós) que os utilizam começam a querer fazer dele (s) " a coisa", aí o nosso ego pega o instrumento de acesso e quer torná-lo a própria verdade, a única verdade.E então já distorcemos, já transformamos o belo e puro método-via-de-acesso numa igreja, com preceitos fechados, "essa é a única maneira de acessarmos a verdade"...
De cabo a rabo, disso a aquilo, das pequenas confusões do trânsito na nossa rua a milhões de seres refugiados, sem casa na grande casa do planeta Terra, parece que existe essa tendência dominante e arrogante no fundo: apropriação de idéias e situações que vivem em trânsito numa verdade definitiva.
Somos dominados pelo que fazemos.Ou pelo que não fazemos.
O que fazemos é o meio, o método que nos encaminha ao que somos.
A gente vai sacando quem é através do fazer.
Sri Aurobindo diz que o mundo nos oferece experiências e, através da vivência das experiências, vamos nos tornando quem somos.
Se ficarmos no engrandecimento do que fazemos, por mais maravilhoso que seja, não completaremos o exercício da vida, o ser.
Por isso, acho que o engrandecimento do método acaba se tornando um distanciamento da experiência de ser mais pura, mais essencial.
Um pescador sentado fitando longamente o mar, absorvendo - o na sua alma, entregue de corpo e alma 'a essa contemplação, por amor, está tão perto de si mesmo...
Não acredito que ele precise comentar numa roda de pescadores esse momento dele, como engrandecimento da situação vivida.
Se for também um filósofo, ( e todo pescador deve ser um pouco também, a longa espera do mar, a intimidade com Mãe Yemanjá, o diálogo incessante com essa coisa imensa...) poderá refletir sobre esse momento com alguém mais, e só...
Mas se eu disser a alguém, sem intimidade com o mar e com sua própria alma: " vá lá e fique olhando por meia hora, respirando, entrando em contato e isso vai te liberar coisas x e y e mais uns etc..."..., o método , provavelmente, não irá funcionar.
Pode até, com certeza, surtir bons efeitos, positivos, pulmonares, mas a danada da mente interfere, "criando" maravilhas que podem não ser de verdade.Maravilhas mentais nunca são muito confiáveis!
Também pode até ser que, de repente, o mar o tome por assalto e ele se veja em comunhão com ele, um só com ele.
Também pode até ser que, de repente, o mar o tome por assalto e ele se veja em comunhão com ele, um só com ele.
Aí o método foi útil, fez o começo da coisa, apenas o começo, porque a ampliação foi resultado da entrega da pessoa, da grande magia do universo que aconteceu naquele momento, sabe-se lá Deus porque, pela Graça...
Um chamado sincero aqui, uma pureza de alma, um coração em chamas, e um retorno lindo de Lá...
Ah, sim!!
Mas: amigos, colegas terapeutas etc...- não foi por causa do método.
O método foi, apenas, um assessor.
Sem engrandecimentos, per favore! Sem métodos transformados em igrejas, por melhores que sejam!
Minhas 2 inspirações pra sentar aqui agora e escrever, aproveitando a falta de 2 clientes:
- Relendo o genial Jung, Memórias, Sonhos, Reflexões .
- O vídeo dos 2 gatos e o caramujo, que partilhei no Face.
Meus agradecimentos sem fim aos maravilhosos queridos faróis Sri Aurobindo, 'a Mãe, Guia do Pathwork, Jung, Eckahrt, Pearls, Khrishnamurti, Prem Baba ( récem encontrado por mim, através da minha filha) e tantos, e tantos...
E uma historinha final, recontada por Rolf, o Gelewski ( que foi meu amado- mestre -assessor a Sri Aurobindo e 'a Mãe) recontada agora livremente por mim:
" Um antigo rei de algum país antigo e mítico , ao subir numa alta montanha, perdeu a sua pedra preciosa.
Descendo ao seu palácio, reuniu os 3 filhos e lhes deu a incumbência de procurá-la.
O primeiro foi Clareza-Visão, que procurou, procurou e não achou.
O seguinte foi Força-Pensamento, que também não encontrou.
O terceiro foi Sem -Intenção e ele encontrou a pedra.
Descendo, entregou ao rei, seu pai, que fez o seguinte comentário:
- Interessante que, justamente Sem-Intenção achou a pedra..."
" Um antigo rei de algum país antigo e mítico , ao subir numa alta montanha, perdeu a sua pedra preciosa.
Descendo ao seu palácio, reuniu os 3 filhos e lhes deu a incumbência de procurá-la.
O primeiro foi Clareza-Visão, que procurou, procurou e não achou.
O seguinte foi Força-Pensamento, que também não encontrou.
O terceiro foi Sem -Intenção e ele encontrou a pedra.
Descendo, entregou ao rei, seu pai, que fez o seguinte comentário:
- Interessante que, justamente Sem-Intenção achou a pedra..."