domingo, 7 de setembro de 2014

Integrações do que sou, do que faço, do que sei, do que amo, do que...

Na equipe da Thérèse Bertherat - não sei se ainda agora, mas ao tempo em que ela escreveu os primeiros livros - tem jovens profissionais, que são escolhidos "por serem apaixonados pelo trabalho que sabem fazer e por terem consciência de suas possibilidades ainda inexploradas"!Ou seja, não exatamente pelos seus currículos - que, óbvio, precisam ser bons e competentes - mas pela sua capacidade de abertura, pela sua paixão viva,pela sua entrega, nada morninha!
Na equipe ela tem profissional de shiatsu, astrólogo, aparentemente nada a ver com o tema da antiginástica.
Fico pensando como a especialização do nosso mundo nos apequenou e emburreceu.
Conheci um músico e terapeuta que dizia aos seus discípulos "vão ler sobre hortas, fazer hortas, plantar flores, fazer cerâmica etc..."
Maria João Pires, essa linda pianista sempre misturou a música nas quintas que tinha em Portugal, onde cuidava da terra etc...
Schumann era compositor, escritor, editor de revistas...
Hipócrates, Newton, Kepler, da Vinci eram multi-profissionais! Sim, e astrólogos também, todos eles!
Se vamos em busca de uma integração maior - em nós mesmos e com tudo o mais - a especialização estrita é um entrave, mais fechando nossa cabeça do que abrindo.
Talvez não seja assim no caso do médico - cirurgião, por exemplo, esse precisa ser um super especialista!

Porque, qdo nos expressamos - tocando, por exemplo - o que vai tocar o outro é o nosso mundo interior, através dos sons que produzimos!
É o que está "por detrás" que vem 'a tona e se reflete.
Como diz Klee, " a arte torna visível".

Essas divisões aconteceram há muito tempo atrás, quando arte, ciência e religião se separaram e continuamos mantendo.
Acredito que também é um "medo" do famoso "qualquer coisa", do " eu acho" sem embasamento - e ficamos assustados com isso, com esse "achismo" de meia tigela.

 Sejamos generalistas com uma especialidade bem definida, abertos pra vida, para o "novo", dentro desse famoso "novo paradigma" que tenta abrir espaços nesse fechamento todo, a duras penas.
Se formos realmente sérios no que fazemos, essa percepção integrativa só pode nos enriquecer, enriquecer nossa weltanchauung ( visão de mundo).
E aí me lembro de uma velha amiga, que não via há séculos, e que me conheceu sempre pianista e profa de piano.Sabedora das minhas outras formações, mais recentes, como terapeuta, foi me apresentar a outra pessoa e embatucou: "Eloisa é...é..." Fui em seu auxílio " Terapeuta e musicista".

Pode, não é?...rs

PS - Relendo Bertherat, essas reflexões foram vindo junto, na rabiça do arado, como diz o bom gaúcho...