domingo, 25 de fevereiro de 2018

Sobre colchas, dobras e guerras...

Hoje, mais uma vez, ao colocar a colcha na cama, me atrapalhei, pq ontem 'a noite foi o João que tirou e dobrou. O jeito dele dobrar é diferente do meu. Quando eu tiro a colcha, já tem o lugar certinho de desdobrar, ou seja, na dobra, já existe o caminho para o desdobrar. Ele, como homem, faz de outro jeito, o caminho fica um pouco mais longo...mas igualmente possível. Ás vezes me chateio e penso: pq não faz como eu? Pois é, pq ele faz como " o outro", que não sou eu e tem uma outra maneira de ver, pensar, realizar etc... Fico pensando que na vida é a mesma coisa. Pensamos: Pq não faz como eu faço? O meu é melhor, com certeza!! :) Pode até ser, em algumas coisas, mas não é isso que importa, pq , em algumas outras coisas, é o jeito do outro que é melhor. Mas o jeito do outro é do outro. Pq ele é o outro.E, ainda por cima, é homem e eu sou mulher. Fiquei achando que uma coisa tão simples tem a chave para as mais complicadas. E é a chave, muitas vezes, para a harmonia, pq envolve aceitação e respeito pelo diferente. Levamos uma vida pra entender isso... E, muitas vezes, não se entende mesmo...pq, da não aceitação das pequenas diferenças cotidianas, abrimos para uma guerra armada. De pequenas em pequenas guerrilhas vamos para um terreno cheio de minas, fuzis e baionetas. Então, na nossa casa, dobrando a colcha da cama, podemos fazer o exercício de respeitar e aceitar o outro. Podemos até não gostar muito, mas sem nos insurgirmos internamente. Pq esse sentimento interno e não expresso, também faz fomentar a negatividade, a desavença, as pequenas raivas cotidianas. E de grão em grão, uma discussão, uma separação - que já é o tonel lotado de grãos não percebidos e não assumidos para o trabalho. Portanto, o ponto, me parece, não é dizer" tudo bem" e dar uma risadinha, pq, dentro, pode ter um caldeirãozinho fervendo. A não ser que o " tudo bem" seja de verdade mesmo. Incrível como o relacionamento com o outro vai nos dando pistas o tempo todo sobre nós mesmos... Autoconhecimento minutal, alí, na batata do cotidiano simples e banal... Até dobrar e desdobrar uma colcha tem seu ensinamento! Bom domingo!