quinta-feira, 8 de maio de 2014

O casulo e a borboleta ( e, de quebra, um beija-flor...)


A mãe-natureza colocou outro dia um casulo pendurado numa pequena árvore daqui da minha chacrinha.
Olhei...e ele estava lá . Saindo de dentro dele  havia  uma ponta do que pensei que fosse o começo do esforço dela, borboleta, e depois vi que já era o final do processo. Como disse uma cliente minha - ela já havia saído e deixou a casquinha final, um pequeno " tchau, já estou esvoaçando por aí, no meu habitat natural"! Esforço feito, cumprido, início da fase alada.
Borboleta, pra mim, é um símbolo muito forte. Sempre foi, desde que me lembro de mim.
O processo-lagarta-casulo-escuro-esforço-esforço-esforço-estou me transformando-estou morrendo-estou em forma nova-saio-me liberto-estou mais que nunca viva- livre no ar-aprendendo a voar...
E o medo? E a incerteza? Como será o mundo desse outro olhar? Do olhar de quem voa? De quem não rasteja? De quem participa do mundo de dentro, de cima, de baixo, de todos os lados...?
A encarnação do cântico da Cecilia em "Renova-te, renasce em ti mesmo" e mais pro final "Sê sempre o mesmo, sempre outro, sempre alto, e dentro de tudo".
Tenho a mania de achar que tudo que me acontece é uma chance de renovar meu olhar, de conectar isso com aquilo, de refazer minhas sínteses, de me debruçar e deixar o ocorrido, seja o que for, me dar seus toques preciosos. Sabe aquela coisa de ir linkando todos os conteúdos de sua vida? Manias de terapeuta!!E de quem quer crescer e amadurecer.
Impossível  olhar para uma borboleta sem lembrar de todo o processo forte que ela passa!E da ideia de mortes e renascimentos!Ela é bem associada 'a viagem da alma em nós. Reconhecemos o que essa nossa companheira e instrutora passa. Sabemos, por experiência, que esse tão lindo caminho - o nosso e o dela -  tem dores, medos, sustos, desesperanças, desconfianças...E o medo do escuro? E a mente desconfiada ( a nossa...) que repete seu jargão sem fim do "será que vai dar certo?" E os" momentos de túneis", quando estamos em túneis longos , onde a luz do sol é apenas uma bela lembrança?
Sempre penso nessa história da borboleta, na história da alma também e na história do lótus: a flor do lótus nasce na lama, na escuridão do fundão, vem corajosamente subindo através da água e abre-se no ar, gloriosa...Na Índia a viagem do lótus é associada 'a viagem da alma.
Então, o que temos pra hoje - eu, você, nós, vós, eles...?
Temos o presente do"hoje", mais uma pedrinha que vai remontando o nosso quebra-cabeças, mais uma renovação da síntese, mais um aprendizado...
Humanos aprendendo a viver, a amar, a não controlar, a rir , a se soltar na roda da vida...
"Roda-mundo, roda-gigante, rodamoinho, roda pião, o mundo( o tempo) rodou num instante, nas voltas do meu coração..."

PS- Lembrei do beija-flor lá de cima, do título.
Bom, ele é pequenino, lindo e companheiro, vem dar bom dia sempre que estou triste e confusa...
Esse texto é para ele, em gratidão! Beijos.