sábado, 20 de novembro de 2010

Vivência de Música e Auto - Conhecimento (3)

No dia 3 de Dezembro , às 19h30, faremos a terceira Vivência de Música e Auto-Conhecimento no Ecomercado Avis Rara, em Sousas. Estão convidados!

TEMA: Coisas da Transformação... e da Alegria.

Estamos cada vez mais indo em direção a profundas transformações em nós mesmos, em nossas vidas... Como se estivéssemos aprendendo um novo funcionamento na mesma vida.
Coisas que, antigamente, funcionavam, artifícios que utilizávamos a contento, hábitos que nos preenchiam, agora se revelam repetitivos, meio esvaziados de sentido, sem força de vida, como se a fechadura tivesse mudado e a chave não abrisse mais a porta.
Algo em nós anseia ardentemente por esse NOVO que vislumbramos e já começamos a perceber uma nova chave em nossas mãos.
Devagarinho, vamos aprendendo a usá-la, indo em direção a nós mesmos e à nossa verdadeira alegria - ao nosso ser real.
Uma preciosa ferramenta para esse aprendizado é o "estar em contato consigo aqui e agora".
A conexão é feita através da atenção, das raízes fincadas dentro de nós. Nessa prática de "entrar em contato", podem vir emoções presas, retardadas - por exemplo, emoções da criança interna - e, se não dermos atenção, elas vão ficar no trajeto, impedindo esse contato.
Então, damos nossa permissão, entramos em contato e seguimos adiante.
Não é "pensar" na emoção, é sentir completamente, observar, conhecê-la e aceitá-la do jeito que é, tornar isso consciente.
Na nossa Vivência, a vibração da música entra e permeia a vibração do corpo.
Através do movimento do corpo e do som, criamos condições para que algo mais verdadeiro em nós tenha expressão.
Saímos da cabeça e entramos um pouco mais no Ser, através do corpo físico e do corpo de emoções, do nosso sentir.
Liberamos espaço para sermos mais verdadeiros, mais vivos, mais presentes em nós mesmos...

"De fato, é simples. Aprendemos a lei do ritmo. Pois a Verdade é um ritmo". 
(Satprem)

domingo, 7 de novembro de 2010

Reinvenção

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo... - mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só - no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só - na treva,
fico:  recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

(C. Meireles)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

VIDA

VIDA VAI
VIDA VEM
SEU BALANÇO É MEU AMÉM

SUA REDE
ME CARREGA
SUA SEDE NO MEU PEITO

SUA ÁGUA NO DESERTO
SEU MANÁ DE FRUTA-PÃO
SEU MANANCIAL DE BÊNÇÃOS
SEU REGAÇO QUENTE E SÃO

QUANTA TRAMA
EM SUA REDE
QUANTA RAMA PELO CHÃO...

VOU ANDANDO, VOU REZANDO
SEMPRE OLHANDO AQUELA ESTRELA
SEMPRE OUVINDO O CORAÇÃO
SEMPRE LÁ E SEMPRE AQUI
SEMPRE EM TRANSFORMAÇÃO...

VIDA MINHA
VIDA SUA
BALANÇANDO EM SEGURANÇA

DENTRO, FORA
EM CIMA, EMBAIXO
NO PÉ, NA ALMA
NO CHÃO...

18.OUT/2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Vivência de Música e Auto-conhecimento

Nessa próxima quarta-feira, dia 20, às 19:30, farei mais uma vivência no espaço Spiralis do Ecomercado Avisrara, em Sousas (Rua Rei Salomão, 295).

Segue o texto do convite:

Vida e Música estão intimamente interligadas. A Música é uma grande facilitadora do contato com o nosso ser mais profundo, ajudando a transformar energias estagnadas em energias vibrantes, vivas.
O instrumento é o nosso corpo. Através do corpo físico e do corpo de emoções podemos sair da mente condicionada, fazendo contato com nosso interior, fluindo mais suavemente no rio da vida...
Nesse encontro acrescentamos a Movimentação Espontânea e o Movimento Sonoro - Meditativo, como meios de ampliar o acesso ao nosso interior.

"Tudo é som, tudo reage a som, o Universo é inteiramente sonoro". ( Rolf Gelewski)

Estão convidados...

domingo, 3 de outubro de 2010

Música ( I )

Tenho estado muito ligada no sentido da música para mim. Sempre estive, mas cada vez estou mais aberta para que ela entre em mim e escave meus terrenos internos, às vezes cheios de entulhos, às vezes cheios do pó e sangue  dos caminhos, às vezes tão  compactados pelo pequeno e obstrutivo  ego que sobra pouco espaço para viver momentos reais. Mesmo assim, ela vai se infiltrando amorosamente nos interstícios e, uma vez lá dentro, vai alargando os espaços...
Conto uma experiência recente: um dia desses, estava "naqueles dias" de alma cinzenta, meio desanimada, meio vazia (não o vazio criativo...) e, depois de terminar umas atividades, sentei-me na mesinha do meu quarto, meu cantinho de leitura e escrituras, para arrumar  e  ler um pouco. Era tardinha, acendi a luz da mesinha e, na arrumação, peguei umas fitas-cassete que estavam por ali, daquelas que, segundo meus filhos, já deviam estar morando no museu. Confesso que gosto muito delas, foram tantas que enchiam gavetas e gavetas durante mais de 20 anos, fitas que usava para  aulas, oficinas de música, gravações para trabalhos, montagens sonoras, experiências variadas nos tempos das "experimentações koellreuttianas e uaktianas", no aparelho do carro, no gravadorzinho meio fubeca mas tão companheiro que ainda hoje vive comigo na minha cozinha! E como fazia um tempinho que não as ouvia - os CDs tomaram conta dos espaços musicais de todos nós - fui conferir. Meu aparelho de som, felizmente, conta com um sistema ainda íntegro para elas. Dei o start para Mozart, Sinfonia Concertante. Som limpo, perfeito. E chega Mozart, inteiro, mágico, trazendo a vida pulsante, vibrante, na bandeja dos sons... Pára tudo, pára tudo, abre, abre espaços, vai, vai, alarga, alarga, fica aí, criatura, presente, inteira, entregue, profundamente grata, seja toda ouvidos, ouça a música da vida... E assim fiquei, toda ouvidos, presente naquele presente.
"Touching the moment with eternity", diz Sri Aurobindo, é isso, melhor tradução impossível. Virei a fita e veio o belo concerto para oboé, aquele desenho da sonoridade espiritual e intimista do oboé margeando a alma...
Tudo é o mesmo e tudo mudou.
Tive muitas e muitas experiências dessas com música ao longo da minha vida.
Quem ofereceu a linda energia? Ela!
Quem fez o trabalho de acolher e abrir espaços para ela entrar? Eu!
Então, esse trabalho conjunto é que faz a coisa, ela e nós. O poder curativo da música  atua na escuta intensa e concentrada. Esse é um tipo de escuta que, junto com um material sonoro de "primeira", pode deslocar entulhos alojados há séculos e fazer o sol brilhar e atravessar nuvens pra lá de escuras... E não é preciso saber "onde" mexeu, se  nisso ou naquilo, se atingiu o sacro ou a pineal ou o que mais... Isso ainda carrega os elementos do mental. Na verdade a mexida é no cardíaco, porta de entrada para o ser interno, que é onde interessa. Rolf  se refere a isso, quando diz que "ouvir é uma atividade do silêncio, uma vivência da concentração, um abandono-de-si e gesto puro de entrega" e que "essencialmente, ouvir significa abrir-se, receber, e simples e silenciosamente, deixar o recebido entrar em si, lá dentro, despertando ou aquietando, trabalhando, modificando"...
Sou ligada com vários tipos de música, adoro MPB, bossa-nova, dance music (porque adoro dançar...), de Caymmi a Naná, de Uakti a Gil e Caetano, do som do Mawaca a Piazzola e por aí vai... Percebo a conexão entre Se eu quiser falar com Deus e a Sinfonia Concertante, entre o segundo movimento do concerto para piano de Grieg e o Caymmi de "quem vem pra beira do mar, nunca mais quer voltar, ai..." e por aí vai, ai...
E se a gente tirar a música erudita do pedestal, do altar onde ela ficou durante muito tempo e der um carinhoso "alô" ao querido Mozart, ao querido Bach, ao amado Beethoven etc..., a esses puros "canais" da música, a esses mediuns da música,  e deixar a música deles trabalhar lá dentro, daquele jeito que Rolf  fala, lá dentro, e aí vamos entrando logo atrás nos sulcos abertos por ela em direção a nós mesmos... que lindo trabalho de cura, tão disponível a nós! Vamos junto?

Se quiser ouvir o que eu ouvi naquela tarde:

Wolfgang Amadeus Mozart - Sinfonia Concertante em mi bemol maior KV 297 B

Wolfgang Amadeus Mozart - Oboe Concerto em do maior  KV 314

domingo, 26 de setembro de 2010

Somos todos curadores feridos...

Relendo Yalom , deparei-me com uma história de cura que ele conta, encontrada em O Jogo das Contas de Vidro de Hermann Hesse: dois renomados curandeiros dos tempos bíblicos, Joseph e Dion, trabalhavam cada um do seu jeito, com métodos completamente diferentes - um curava através da escuta silenciosa e o outro era incitador, confrontador.Trabalhavam como rivais, até o dia em que Joseph ficou muito doente espiritualmente e partiu numa jornada para procurar o Dion, seu rival ,em busca de cura. Na viagem, conheceu um viajante mais velho que se propôs a ajudá-lo nessa busca e, mais tarde, o viajante revelou ele próprio ser o Dion. Levou o Joseph para casa dele, pediu inicialmente que ele fosse um empregado, depois promoveu-o a estudante e finalmente a colega. Joseph se curou e o tempo corria, até que Dion ficou doente e, no seu leito de morte, confessou que aquela viagem onde os dois haviam se encontrado, havia sido também uma viagem dele de busca pela cura, buscando chegar a Joseph. Ele também havia se sentido vazio e desesperado. Os dois estavam feridos quando se encontraram, mas Dion só revelou isso quando a morte estava chegando , 20 anos depois...
 Yalom conclui dizendo que "talvez a terapia real tenha ocorrido na cena do leito de morte, quando eles abraçaram a honestidade, com a revelação de que eram companheiros de viagem, ambos simplesmente humanos, extremamente humanos..." Se essa revelação tivesse ocorrido antes, a qualidade da relação dos dois , com certeza, teria sido muito melhor, mais limpa, na luz...
Fiquei refletindo sobre relacionamentos de qualquer natureza , de amigos, de casal, cliente e terapeuta, pais e filhos...Parece que a honestidade é a chave , a revelação de si ao outro, da humanidade e falibilidade de cada um, da própria solidão, da própria busca, das próprias expectativas...Nossa humanidade, enfim!
Dentro do relacionamento , ajuda a "virar a página", a não ficar remoendo, a não aumentar nosso "corpo de dor", como chama o Eckhart. Quanto uma conversa sincera , até mesmo aquela desajeitada ou de pêlos eriçados ... pode liberar espaços internos neuroticamente  ocupados para situações mais criativas.
Claro que , primeiro, esse exercício acontece dentro de nós, no "eu-comigo", uma auto-honestidade.
 Aqui e agora eu sinto isso. Aqui e agora eu sinto aquilo. Pisei na bola contigo...Pisei no tomate...ops!
Sem justificativas,  explicações, racionalizações.  E o "aqui e agora" seguinte já pode se modificar, já foi banhado na água limpa da honestidade. E o relacionamento pode ganhar em verdade, em intimidade. Mas temos tantas teorias sobre "como as coisas devem ser", sobre o que " não deveria estar acontecendo", ou  "o que não deveria ter acontecido"  - como se estivéssemos dentro de um projeto, um roteiro pré  -estabelecido - que acabamos ficando presos  na própria cabeça e idealizando a vida.
Lembro Sri Aurobindo e seus 4 verbos: encarar - aceitar - suportar - conquistar.
Tem,sim, pílulas muito amargas sobre nós mesmos e vamos engolindo-as ( no sentido de  encarar, aceitar e suportar... ) para nossa cura. Sem culpas!
Nós nos  encontramos todos nesse lugar de viajantes, de companheiros de viagem, simplesmente e extremamente humanos...

Nota : a expressão "somos todos curadores feridos" é da Barbara Brennan .

( continuarei em outro momento...)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Mudança de consciência

"A mudança de consciência acontece no momento em que você diz SIM ao que é. Porque a estrutura inteira do eu egóico criado pela mente vive de resistência e oposição, e de fazer do AGORA um inimigo.Então, a beleza disso é que podemos pular fora de milhares de anos de condicionamento coletivo, não por precisarmos de mais tempo, porque, para se encontrar, você não precisa do futuro.
Entrega a qualquer forma que esse AGORA assuma, porque foi a totalidade que apresentou isso.Tudo está totalmente interligado.
Entregar-se 'a aparente limitação - esta é a verdade essencial " (E Tolle)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Resistências...

" Quanto mais confessarmos francamente nossa resistência, mais fácil se torna dissolvê-la... ..."

 "Ao nos tornarmos mais conscientes das forças psicológicas e emocionais que criam os bloqueios, aumenta a conexão com nosso centro"  ( John Pierrakos)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eckhart e a Nova Consciência

A primeira vez que ouvi falar dele, Eckhart Tolle, através do seu livro "O Poder do Agora", nem quis ler,  pensei: "Ai Meu Deus, mais um livro desses de um poder disso, um poder daquilo etc...".
Dei umas folheadas no livro e foi só!
Uma noite, daquelas noites em que a gente perde o sono, estava aqui pensando "arre, estou farta de mim, não estou me agüentando...", aí olhei  "O Despertar de uma Nova Consciência", que o meu marido estava lendo, peguei ele, ele olhou pra mim como se dissesse: ah, você veio finalmente me ler, se rendeu ...
Foi um lindo encontro. E não parei mais. Chorei, chorei, chorei... E fui me renovando! E Eckhart tem sido para mim uma luz maravilhosa, uma renovação interna, um sinalizador desses tempos bicudos mas abençoados - como diz a Mãe!
Cada um de nós tem a sua maneira de caminhar, de dar seus passos no caminho e penso que não há certo e errado, apenas o que toca mais fundo a cada um, o que transforma, como cada um de nós trabalha seus processos internos e como cada um recebe os materiais que a vida vai dando e vai  sintonizando sua escuta com a música que ouve, aprendendo a ouvir seu ser interno. Há uma grande liberdade, há um grande respeito, a vida é uma Grande Mãe! (Lembrei de um texto da Mãe que fala sobre essa grande Aventura e essa liberdade da descoberta, vou procurar...)
Os meus processos sempre foram fortes (leonina, sabe como é...). Quando amo, amo!! E como estou sempre tentando me conectar com minha essência, quando a reconheço, a coisa entra em mim de vez, sem resistências! Em momento assim, meu resistente e defendido ego se abre, eu reconheço, relembro! A coisa está feita! Não vou "cozinhando o galo" devagarinho, a coisa vai de uma tacada, e o espaço interno foi aberto vigorosamente. Claro que, depois, vou caminhando passinho por passinho, parando, cansando, e cansando, e revendo, e encontro novas defesas (quem procura, acha...), são trabalhadas, às vezes transmutadas, etc... etc...etc... Igual a todo mundo que está nesse processo! Mas com esses guias que minha alma reconhece (Rolf, Eckhart...), o trabalho interno de abertura de resistências e defesas acontece como uma música forte e viva que entra e é absorvida pelos poros da alma! Assim foi - e é - com o Eckhart. E é sempre um presente vê-lo nos DVDs, que constam do livro "Em harmonia com a Natureza", onde ele está em Findhorn. A simplicidade amorosa, o seu silêncio, a sua figurinha quase imperceptível, tão receptivo e tão cheio de presença... Nenhum dogma, nenhum mistério, nenhum "sigam-me", só um convite para estarmos presentes em nós mesmos! A coisa não está nas palavras, está na energia entre elas...
E lembro de Satprem, quando disse há tanto tempo atrás: "o mundo está fechado, a grande aventura agora é dentro".
É uma aventura. Vamos nos afinando e reafinando pelo caminho...
Como diz aquela música  "viver é afinar o instrumento, de dentro pra fora, de fora pra dentro, a toda hora, a todo momento, de dentro pra fora, de fora pra dentro..."

Um trecho de Eckhart:

"Quem tem um corpo de dor muito forte costuma chegar a um ponto em que sente que sua vida está se tornando insuportável , em que não consegue mais tolerar a dor nem situações difíceis. Já houve quem expressasse isso dizendo com toda a franqueza e simplicidade que estava "cheio de ser infeliz". Algumas pessoas podem sentir, como foi o meu caso, que não são mais capazes de viver consigo mesmas. A paz interior torna-se então sua principal prioridade. Sua aguda dor emocional as força a romper a identificação com o conteúdo da mente e com as estruturas mentais - emocionais, que dão origem a seu eu infeliz e o perpetuam. Assim, elas ficam sabendo que nem sua triste história nem a emoção que sentem são elas próprias. Compreendem que elas são o conhecer e não o que é conhecido. Em vez de levá-las à inconsciência, o corpo de dor transforma-se no seu despertador, o fator decisivo que as faz alcançar o estado de presença." (...) "O próximo passo na evolução humana não é inevitável, mas, pela primeira vez na história do planeta, pode ser uma escolha consciente. Quem está fazendo essa escolha? Você está. E quem é você? A consciência que se tornou consciente de si mesma".
(de O Despertar de uma Nova Consciência)

"O mundo se prepara para uma grande mudança. Você quer ajudar?" ( A Mãe)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Um Cântico

Se a plenitude do ar
não fala de si
é porque não há bocas no ar

Se o vazio do espaço
não causa vertigens
é porque o medo é sondado a cada passo

Se o coração de silêncio
ainda insiste em fugir
embala-o como criancinha
e leva-o ao Sábio em ti

Se melodias viventes
fazem cirandas ao luar
canta com elas, de leve,
e recolhe-as ao seio
num colar.

Todas as dores do mundo
Toda a luz do amanhã
toda a ciranda da vida
Todo espanto e desencanto

Toda esperança e medo
Toda sombra, grito, horror
 - Materiais divinos
Doações de puro amor.

(Poema publicado por mim na Revista Ananda, 1999)

Vivência de Música e Auto-conhecimento - agendem!

Dia 20 de Outubro, às 19h30, acontece a segunda "Vivência de Música e Auto-conhecimento" no Ecomercado Avis Rara, em Sousas.
Em breve estarei postando mais informações.

No Caminho...

Não se preocupem com o que outros fazem, jamais lhes direi isto o bastante. Não julguem, não critiquem, não comparem. Isto não lhe diz respeito. Vocês foram colocados sobre a Terra, num corpo físico, para um propósito definido, que é fazer deste corpo um instrumento tão perfeito quanto possível, tão consciente quanto possível. Você recebeu uma certa porção de substância em todos os domínios, mental, vital e físico e todas as circunstâncias de sua vida existem para você ter as experiências que lhe convêm para seu desenvolvimento total, e cada um tem as dificuldades que lhe convêm para sua realização total. Se se observar bem de perto, você sem dúvida verá que traz em si mesmo o contrário da virtude que você tem de realizar (tomo a palavra "virtude" em seu sentido maior e mais alto). Você tem um objetivo especial, uma missão especial, uma realização especial que é só sua, e você traz em si todos os obstáculos necessários para fazer perfeita essa realização. Você descobrirá sempre que escuridão e luz vão juntas; você tem uma capacidade, você tem também a negação dessa capacidade. Mas se você depara com uma profunda, espessa sombra, esteja certo de que, em alguma parte em você, há uma grande luz. Cabe a você fazer uso de uma para realizar a outra.
Nunca diga: "Eu sou assim e não posso ser de outra forma", pois isso não é verdade! Você é assim precisamente porque tem de se tornar o contrário. Todas as dificuldades aí estão exatamente para que você possa aprender a transformá-las na verdade que elas ocultam. Do mesmo modo pode-se dizer que, se o mundo não fosse exatamente o oposto do que se tornou, não haveria esperança. Porque o abismo é tão escuro, tão profundo, a inconsciência é tão total que, se ela não fosse a possibilidade de uma consciência plena, a coisa inteira deveria ser abandonada. Shankara disse, e outros com ele, que não vale a pena viver no mundo, que você deve olhá-lo como uma ilusão e deixá-lo tão rápido quanto possível, porque você não pode fazer nada com ele. Eu lhes digo, ao contrário, que é porque o mundo é tão obscuro, tão inconsciente, que existe nele a possibilidade de tornar-se a suprema Beleza, a suprema Luz, a suprema Consciência, o supremo Deleite.


(A Mãe)

sábado, 18 de setembro de 2010

Se a vida toda é auto-conhecimento, me conheçam um pouquinho...

Nesse blog, pretendo escrever sobre música e auto-conhecimento, poesia, reflexões e partilhar textos queridos de Sri Aurobindo, da Mãe, de Rolf Gelewski, de Eckhart Tolle, de John Pierrakos, do Guia do Pathwork, de Satprem e outros faróis indicadores de caminho...
E vou partilhando sobre mim e sobre meu próprio processo de auto-descoberta, meu caminho se fazendo sob meus passos, as dúvidas, inquietações, sentimentos, pensamentos, dores, amores e flores...
Há muito tempo atrás, uns 24 anos mais ou menos, (re) encontrei Rolf, dançarino, pensador, que trouxe para o Brasil a Luz de Sri Aurobindo e da Mãe. Na verdade, fui aluna dele quando fazia música na Universidade Federal da Bahia, fiz uma matéria de Dança com ele. Naquele tempo, a UFBA era um pólo incrível de descobertas, uma fonte de riquezas, integrando as culturas erudita, popular, folclórica, inovando todo um cenário de arte via marca do Koellreutter, "o cara"! Tive muita sorte em estudar e participar desse momento arrojado, onde a percepção da música, das artes plásticas, da dança, do teatro e da poesia era integrada à vida, ao que ocorria de mágico e místico na cidade do Salvador, na Bahia, a amada terra baiana... Corriam os anos 60 , com toda complexidade e mudanças dessa época. Eu morava bem em frente à Reitoria da UFBA, no Vale do Canela, pertinho do Campo Grande, do Teatro Castro Alves, do Instituto Alemão (esqueci o nome agora), onde tudo acontecia. Antes de entrar na Escola de Música e Artes Cênicas  da Universidade, estudava no Colégio de Aplicação da UFBA, uma das melhores vivências da minha adolescência, se não a melhor. Um dos meus programas favoritos  - além de ir às passeatas estudantis escondida da família - era assistir às apresentações do Grupo de Dança Contemporânea, onde Rolf era coreógrafo e diretor. Adolescente ainda, ficava babando, vendo e ouvindo tudo aquilo... A coreografia de Zumbi, com música do Edu Lobo, ainda canta em mim... "É Zambi no açoite, ê, ê, é Zambi... Chega de sofrer, Zambi gritou...". E estudava meu piano, cantava no Coral (Uau! Danças Polovtzianas, Carmina Burana, a Nona e tantas outras...), ia a todos os concertos várias vezes por semana (desde os 10 anos...), dançava, sonhava, chorava, sofria, me entusiasmava, me encantava, me desencantava, ficava com o outro e ficava muito sozinha, como qualquer adolescente.
Era arte e música na veia, o tempo todo!! Paradoxalmente a todo esse movimento, havia uma enorme solidão interna, como filha única, um enorme desencaixe da vida, um não-se-saber-dentro-da-vida, uma constante tentativa de entrar e estar na vida. Escrevia poesias, lia muito e sempre (fiz Letras, mas não terminei, optei pela Música, na época), estudava muito, ouvia música, tocava muito piano, tomava banho de mar em Itapoã, amava o mar. A vida interior era desconhecida para mim, mal sabia que sempre vivi nela, não tinha a menor idéia disso, a vida era toda "pra fora", buscando as coisas "de fora" sem nunca me sentir preenchida. Namorei, casei, tive filhos queridos,descasei, casei de novo, tive filha querida... E a vida seguia seus rumos. Uma busca interna continuava se processando, sem voz e sem nenhum conhecimento, ignorante de si mesma, muito sofrida. O reencontro com Rolf em 86 reacendeu e começou a direcionar essa busca ignorante de si mesma: encontrei Sri Aurobindo, que já existia como nome para mim desde que Rolf fundou a Casa Sri Aurobindo em 1973, ele próprio me mandava Anandas, a revista da Casa, mas eu ainda dormia...
E, de lá para cá, as pedrinhas no caminho foram se colocando e se encaixando, devagarinho, com acertos e desacertos, com encontros e desencontros, em meio a alegrias e tristezas, dores e amores, mas tudo seguia para onde tinha que seguir, para a descoberta do meu mundo interno. E fui entendendo que "a vida toda é Yoga", tudo o que pensamos, sentimos, fazemos é o nosso laboratório pessoal de transformação. "O homem é o seu próprio laboratório pensante e vivente", diz Sri. E o Guia diz que "somos inteiramente responsáveis pelo que criamos na nossa vida". E... vamos lá,  caminhando, exercitando a confiança no Universo, aprendendo a soltar o controle, conhecendo as próprias dificuldades e facilidades, estando mais presentes na própria vida, conhecendo nossa criança interna e suas feridas, conhecendo o próprio potencial para a alegria,se percebendo e se trabalhando no próprio corpo - nosso grande aliado -, aceitando, curando, transformando... Vamos lá...
E isso foi o começo (claro que eu não sabia, só soube há pouco tempo) do processo terapêutico PPC: Processo Pessoal de Cura.
Tudo vai se integrando na vida...