quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Nossa Sede de Infinito

Hoje, agora, depois de atender clientes , colher abóboras,  couves e alfaces no meu terreno, fazer meu almoço preparado com essa colheita, ouvir música enquanto essa preparação acontecia, comendo meu almoço tardiamente e me preparando para estudar meu piano logo mais,percebo que, o que mais nos interessa, embora  nem saibamos conscientemente disso, é a nossa sede de infinito!!!Que também não sabemos conscientemente o que é!!Sri Aurobindo nos disse isso, "  temos sede de infinito" e essas palavras,  que ouço há mais de 30 anos, entraram em algum lugar sagrado em mim agora , e percebo a força , a luz e o barro delas, a sua ação na vida, sua presença muito objetiva, sua substância.
Por isso, fora do "programa", corri aqui para escrever.
Na verdade, são coisas, aparentemente, bem "banais"!
Nada a ver com aquelas mirabolantes coisas do " fracasso do grande mental", diria Satprem. São coisas do  "funcionamento ao  nível da terra". Ou seja, terra e infinito são irmãos, estão um ao lado do outro, um dentro do outro. Não me interessam as premissas filosóficas. Interessa-me a Vida em todas as suas manifestações. E, claro, que o filosófico está contido nela, sem premissas!
Atendendo clientes, dando aulas,conversando com as pessoas queridas de maneira geral, amigos, amores, filhos...vejo, sinto essa sede, esse anseio, esse ser-alma que tenta, que ocupa sua história, que está crescendo e amadurecendo ( e isso é alegria e dor, ao mesmo tempo), que pressente uma antena " lá" e outra "aqui", tentando equilibrar e integrar as duas, tentando se encontrar em sua vida, ser feliz. São pessoas intensas, verdadeiras, com uma aptidão para a alegria , para o encontro real.
Bom, voltando ao que me impulsionou a escrever agora - volto ao tema da natureza, dessa coisa maravilhosa se oferecendo a nós. Quando saí da minha sala de atendimentos, fui percorrer o terreno , coisa que sempre me dá muita alegria, e colher as coisas para o almoço - as ofertas. Com uma natureza dessas, sempre 'a disposição - apesar do homem-cego-surdo-mudo ( e isso não tem nada a ver com as faculdades e os sentidos perfeitos do homem), a presença do infinito está. Com a preparação de tudo isso, o infinito está. Com a música...Ah, com a música o infinito está o tempo todo, e ele nos perdoa sempre por nos esquecermos disso, achando, muitas vezes, que é para nossa valorização de ego!! Mas, em algum lugar interno, sabemos que é a nossa sede de infinito que se nutre. O resto ,é besteira e pretensão!
Tudo isso não se opõe aos acontecimentos da nossa vida cotidiana, são lados de uma mesma moeda, não existe essa coisa de "estar lá"( na vida intensa, verdadeira) e " estar aqui" ( na vida aparentemente corriqueira, nos trabalhos, nas pequenas e grandes chatices). Vamos resolvendo essa charada! Não é fácil, mas vamos tentando! Touching the moment with eternity...Vamos lá, querido Sri, vamos lá...

Trilha Sonora: - Neste percurso, ouvi Schumann - as Cenas Infantis; Ravi Shankar e Madeleine Peyroux.