quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Sobre o momento presente...

Não sou lulista nem petista, mas, claro, que votei no Lula e não no FHC; no Lula e não no Collor; na Dilma e não no mocinho Aécio. Sempre tive orgulho em saber que Lula era meu presidente, presidente do Brasil, presidente do meu país. Um cara de coragem! Um cara que mostrou a cara!E que fez muito pelo país, criou tantas possibilidades para o nosso povo , para a classe mais desfavorecida. Isso, todos sabemos. Embora nem todos possam admitir ou reconhecer. Mas tudo isso faz parte da vida, nada novo até agora. Interessante ver como confundimos a tarefa da pessoa com a personalidade da pessoa. Por exemplo, nosso amado Villa Lobos , nosso gênio brasileiro, o compositor que amava esse chão do Brasil e levou nossa música a tantas terras estrangeiras, era também muito vaidoso.Como Lula. E Villa sabia disso. Era um sol brilhante, uma personalidade forte, trepidante, vaidosa.Junto a esses predicados, uns geniais, outros apenas vaidosos e imaturos, havia a vontade firme de educar as crianças e jovens através da música, de fazer uma " educação pela música". Hoje fala-se muito no poder da música etc...Ele já sabia e fazia isso em começos do século passado. E fazia isso no nosso país, no Brasil daqueles tempos, onde a música brasileira era rejeitada pelos próprios brasileiros, porque queríamos ser brancos europeus e nosso sangue africano e indígena eram incomodativos a nós mesmos!Muitos o denegriam ( e ainda hoje não entenderam...) porque juntou-se a Getúlio para conseguir o que queria: levar a música a todos, fazer o povo cantar, educar as crianças com músicas do nosso folclore. E conseguiu! E fico cá pensando:queríamos um Villa perfeito? Pronto, perfeito, obra terminada, personalidade trabalhada, praticamente um yogi , um Eckhart Tolle...? Mas ele não era isso, e, dentro da evolução possível do momento, ele era evoluído. Mas não era o mestre Sri Aurobindo, claro!Era Villa Lobos, um músico que ouviu o chamado da sua alma, o chamado da música, e levou nosso povo a cantar a alma brasileira como nenhum outro. Que necessidade é essa de precisarmos ver a perfeição do outro? Porque somos tão imperfeitos, exigimos a perfeição alheia? Como diz A Mãe " se fôssemos perfeitos não exigiríamos tanto a perfeição do outro". A nossa imaturidade infantil, a falta de reconhecimento dos nossos muitos eus internos, principalmente do eu inferior, nos faz tão obtusos, a ponto de mantermos e darmos força a esse staff de Temers, Bolsonaros, Aécios e outros que tais. Esses urubus de casaca que parecem ganhar hoje. Mas é hoje, amigos. Outros momentos virão! Particularmente, não tenho certeza de que Lula deveria ser novamente nosso Presidente. Embora esse staff maléfico e maldito que impera hoje na política e na mídia precise ser desmontado.E será! Os tempos andam pra frente e precisamos caminhar com novas descobertas. Porque, hoje, a consciência já pode abarcar um maior trabalho interno, uma integração maior de vários elementos.Sempre nos parece que cada dia, hoje em dia, equivale a um mês, a um ano dos tempos anteriores, talvez. Vivemos um novo ciclo, mas ainda não findamos o velho. E é assim mesmo.As águas do rio e as do mar quando se misturam criam uma confusão, ficam revoltas visualmente, um se " mancha" com a cor do outro, e ainda temos uma pororoca auditiva... É difícil andar na ponte - saímos de um lugar mas ainda não chegamos ao outro. Estamos a caminho. Mas precisamos aguentar estar na ponte, nessa transição. Não podemos construir nada numa ponte.A ponte dá acesso, apenas, ela é passagem. Essa transição é muito maior do que parece, é a famosa mudança de pato pra ganso... Ou de macaco pra homem...Ou do velho homem para um novo homem, um novo ser. Agora, gostaria de dar os meus respeitos ao Lula, um bravo cidadão brasileiro, que cumpriu sua tarefa, ouviu o seu chamado. Do jeito que foi possível! Aguentou a projeção em massa de uma massa que nunca admitiu que um " iletrado", " inferior", fosse presidente. Essa massa que se diz biscoito, nunca engoliu Lula, nunca suportou seu jeito despachado, seu linguajar. Assim como não engoliu Dilma por ser mulher. Mesmo entre as mulheres, porque o machismo também existe em mulheres. Não sabemos o que virá. Vivemos tempos novos que ainda se portam como velhos, porque os vemos assim. Nesses novos tempos, urge despertar, urge amadurecer, urge acender a luz interna e parar de projetar a sombra pessoal , que é uma parte da nossa sombra humana coletiva, no outro, nas figuras públicas, na mãe, no pai, no tio, no vizinho etc... Projeção do ego pessoal no ego do outro. Quem puder fazer o trabalho, que faça! E, Lula, bravos, querido! Ficam aqui os respeitos de uma desconhecida que quis se pronunciar e que lhe é grata! Boa noite!

domingo, 14 de janeiro de 2018

Sobre a simples generosidade do dia a dia...

Publiquei uma foto minha ontem no face, tirada pelo meu marido nessa tardinha , e ouvi coisas muito bonitas e generosas de pessoas amigas e de outras que não conheço. Penso que tudo o que nos acontece na vida provoca em nós algum sentimento, algo move, tanto positiva como negativamente. Parece que, até os dias de hoje, o que mais nos moveu foi o negativo. Durante eras, talvez, afundamos nesse grande cobertor negativo que nos cobria até os fios dos cabelos. Tanto a negatividade coletiva como a familiar. Ou seja , atuando tanto no individual como no coletivo. Temos muito a curar nesse lugar, porque os velhos hábitos nos fazem repetir os padrões negativos. O cobertor foi se tornando um muro alto, um espaço compactado com grades de ferro. Umbigos ambulantes em corações fechados.E o pequeno ego ganhou força, e a infelicidade ganhou força e o escurecimento da luz prevaleceu. Penso sempre que temos armadilhas, construídas por nós mesmos, para desmontar, todo o tempo.Um serviço contínuo.Construímos elas para nossa defesa mas, ao longo do tempo, elas foram solapando nossas chances de alegria, gratidão, afetos...elas dominaram e a negatividade venceu. Quem construiu minhas armadilhas? Eu! Quem construiu suas armadilhas? Você! Mas o que foi construído pode ser desconstruído - se eu fiz, posso desfazer!! Oba, que boa notícia! Eu tenho o poder de desconstruir!Não sou uma coitadinha de uma lesma ( não é Patricia G?):) Então precisamos conhecer com detalhes a tal armadura-armadilha - as várias - conhecer o tamanho, densidade, cor, peso, cheiro, reentrâncias, pontas que ferem etc...Vamos passando a mão com sensibilidade por ela (s), ouvindo sua voz chorosa, sofrida, angustiada.E , por trás da voz chorosa, o medo, a arrogância, a insensibilidade forçada...E vamos relembrando que o que eu não conheço em mim não posso conhecer do outro. E , com medo de "perder"seja lá o que for ( ô coisa que nosso mundinho odeia, "perder"...)fomos nos fechando, ficando mesquinhos, só esperando que o outro dê, que a vida dê, que o filho dê, que o marido-mulher dê, que o amigo dê...E se não recebemos o que achamos que precisamos do outro, ficamos raivosos e dizemos "também não dou"! Como disse alguém, com essa história de "olho por olho"vamos todos acabar cegos!Xô pena de Talião!Vade retro! E brincar de "pena de Talião"com a vida nunca dá certo.Perdemos sempre, o feitiço se volta contra o feiticeiro. Mas eu comecei dizendo que o texto era sobre generosidade e contei a história da minha foto. Onde entra a generosidade aí? Penso que o olhar generoso nos salva. Algo nos impressiona e não expressamos. Guardamos , escondemos, fazemos de conta que nem vimos... Quantas vezes vemos coisas legais, que nos afetam positivamente, e guardamos nossos comentários no bolso? Pode ser uma coisa boba, singela, não precisa ser nada grandioso. Aliás, penso sempre que é nas coisas pequenas que nos salvamos, nas coisas simples do dia a dia. Construímos todos juntos um mundo bem maluco, parco de bons sentimentos verdadeiros, e fomos ficando tão individualistas, fechados em nós mesmos, dando voz aos medos, à mesquinhez, a tudo isso que hoje quer nos engolir com sua boca de lobo. Mas podemos ir na contracorrente e optarmos por ser mais generosos com o que vemos em nós e no outro. Principalmente se o que vemos nos toca, nos agrada, nos faz respirar melhor. Se vamos exercitando isso individualmente, vamos criando ressonâncias que vão se ampliando e as frequências se elevam. Não é tão fácil como parece.Pelo menos, pra mim, às vezes preciso fazer um esforço pra não guardar no bolso devolutivas que podem ser gostosas pro outro, que podem ser carinhosas, afetivas, companheiras... Afinal, o tempo é pouco, ando tão apressada, esquecida, muito trabalho ou o quê. Mas não: é a minha mesquinhez que, muitas vezes, leva a melhor. Aí , graças a Deus, algo acontece e relembro como a vida é um presente, como o outro está no mesmo barco que eu, trabalhando suas próprias sombras, como estamos tentando nos transformar e transformar o padrão energético negativo que criamos juntos. E, mais uma vez e sempre, agradeço, fico em silêncio ou escrevo ( como agora) e agradeço a generosidade que percebo no outro. E que é também presente em mim. Precisamos urgentemente do exercício da generosidade nas coisas simples do nosso dia! Obrigada, amigos e Saravá! Namaste!