" O período que passamos na terra é onde podemos fazer progresso" A Mãe
Abri essa frase da Mãe há pouco e me inspirou a caminhar com algumas reflexões.
Pensei: o que estamos mesmo fazendo nesse belo planeta azul?Qual o sentido dessa encarnação?Porque e para que estamos vivos?
Muitas pessoas poderiam dizer um monte de coisas ótimas sobre isso:porque queremos ser felizes, porque queremos fazer coisas boas, porque queremos criar coisas novas, coisas belas, coisas importantes,fazer arte,fazer ciência, porque queremos amar muito...E por aí vai!
Eu, particularmente, gosto muito dessa última afirmação...:)
Incluo todas essas possíveis respostas em uma única: para a nossa cura!
Que cura?A cura da nossa vida, de todas as nossas vidas, do nosso coração sofrido, da alma dolorida.Esse é o progresso. No nosso mundo capitalista, entendemos "progresso" no âmbito profissional, financeiro, no âmbito dos "fazeres".
Mas parece que o progresso verdadeiro está no âmbito do "ser", onde cada pequena vitória sobre si, cada avanço sobre o pequeno ego, cada penosa e abençoada clarificação da sombra, cada sopro de verdade que podemos inspirar e expirar nos leva mais perto de quem somos, tira mais uma capa da nossa aparência, revelando nosso verdadeiro ser.
Penso nesse progresso como um trabalho no "pequeno", nas pequenas coisas do dia a dia, na verdade que já podemos viver no dia da nossa vida.Nada grandioso, operístico, wagneriano...
Se for grandioso, que seja numa Nona de Beethoven, com toda a verdade pujante daquele ser...
Ele fez o que tinha que fazer, no tempo em que tinha que viver. E agradecemos tanto àquela vida dele!
Nós, nem somos ele, nem vivemos naquele tempo. Somos homens de hoje, com a nossa tarefa atual de cura através do que fazemos, seja criação musical, seja cozinhando uma comida saudável e gostosa, seja dando aula disto ou daquilo, exercitando nossas profissões, nossos relacionamentos.
Se nos identificamos completamente com os fazeres, perdemos de vista o ser, onde está nosso pote de ouro e mel. Mas precisamos nos exercitar através dos fazeres, flexivelmente.
Eu me vejo, me percebo através do que faço no mundo.Claro que preciso bastante da luz da honestidade pra perceber minhas reais motivações internas.Em outro texto, a Mãe diz que precisamos escarafunchar todos os cantinhos escuros dos nossos quartos internos pra pegar a danada da coisinha feinha que quer escapar ao nosso escrutínio.Pegamos a danada pela ponta do rabinho, " venha cá, coisinha, deixa eu lhe ver à luz do sol, deixa eu ver essa má vontade, esse orgulho , essa inveja ,essa ambição, esse preconceito , essa falsa justificativa,esse controle, essa mentira..."
E aí me vem outra reflexão: o que interessa não é exatamente " o que " fazemos, mas "como" fazemos. Li em algum lugar esses dias uma pessoa falando sobre música e ele diz " posso ser um virtuose e isso pode não me levar a nada".Ou seja, o virtuosismo dele pode deixar o processo inalterado, sem nenhuma transformação. Pode ser somente da ponta dos dedos, no caso do músico. Pode não ter movido nada internamente, nem nele , nem nos outros.
Assim já temos uma chave ótima pro que estamos falando de "cura": tem que começar de dentro, mover dentro, aí vem pra fora. E precisa vir pra fora, assim como precisamos expirar depois de inspirar. Senão, morremos inflados...
Aí, de fora, volta pra dentro e o processo continua, revisado, revisitado, retransformado, sem fim.
Então a coisa vem de dentro, como um fiozinho de água que vai procurando seu caminho pra pingar suas gotas aqui fora, vem caminhando, abrindo espaços naturalmente pela força interna da água, vai seguindo como um rio em direção ao grande mar.
A expressão do fiozinho de água só é profundamente feliz quando se vê unido ao mar.
Acho que, a essa altura do encontro do nosso fiozinho de água com o grande mar, estamos vibrantemente vivos, estamos nos curando . E assim vamos construindo a paz.
Paz, Cura, Amor, verdadeira Alegria...
Uma coisa não pode existir sem a outra!
Tudo interdependente!
Tudo exercício na vida!!
Que chance incrível temos!!
Ao trabalho, amigos!
Bon voyage!
PS - Pra quem quiser ouvir a música que vem de dentro e se expressa tão belamente aqui fora, procurem ouvir Nelson Freire tocando BACH.
Ouçam especialmente a faixa 17.
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