O documentário é "Tarja Branca" e tem um subtítulo do qual não lembro.Acabei de ver no canal Brasil.
Sobre o brincar, como o brincar verdadeiro pode resgatar nossa criança interna, aquela que vive lá dentro da gente desde sempre e nos leva a conhecer paragens novas, internas e, quem sabe, externas.A minha criança está gripada,com mal estar, mas ao ouvir e ver tudo aquilo, melhorou!Tão vivo, proposta tão de verdade!!
Fizeram-nos crer ( endereçado a quem gosta de concordâncias verbais corretíssimas, essas sérias pessoas...) que a vida era séria.E é! Mas o que é sério, pra você? O que é sério pra mim?Temos a mesma concepção de seriedade?A concepção do sistema?
Vou lhe dizer: essa ideia de seriedade não é lá muito séria. Entendo "sério" como " de verdade, de peito aberto,de alma limpa, de coração ardente"...Essa outra é a falsa seriedade do sistema, que nos fez dividir trabalho e lazer. Trabalho - pesado, chato, "sério", cacete... e lazer- uma espécie de alienação caótica, eufórica, barulhenta, assim como uma montanha russa desgovernada. A montanha russa pode estar regada a cerveja da melhor qualidade, quantidades e quantidades ( nada contra uma cervejinha, amigo...por favor!!), o barulho eufórico dos jogos de máquinas e suas luzes fosforescentes etc...
Mas alegria, zero!
Alegria pode estar no silêncio e na manifestação ruidosa, em qualquer situação, mas ela é uma qualidade que independe do fazer do momento. Claro que , se estamos fazendo uma coisa que gostamos, ela , provavelmente, estará, companheira, do nosso lado. Alegria vem da nossa alma e pode ficar firme até nos momentos adversos .E claro que, nas adversidades, você não vai cantar alegremente, mas, se se lembrar do aprendizado a fazer no momento - que é o porquê da adversidade momentânea estar se manifestando - você vai perceber ela por ali, rondando, olhando lá da porta, doidinha de vontade de vir sentar no seu colo e retomar seu lugar de origem. Porque o lugar de origem dela é em nós, dentro do peito.Mas a vida , muitas vezes, deu um "chega pra lá" nela e você deixou. Não estamos preparados pra alegria, nossos instrumentos para ela são parcos, rudimentares... E as pressões externas - e internas - lhe fizeram acreditar que o resultado , ganhar o prêmio, galgar o alto posto, passar no vestibular, ser bem sucedido ,tirar as gordurinhas que sobram etc...são o seu apogeu.E aí você corre , corre contra o tempo, se descabela, se desespera, pra conseguir "aquele" resultado e, quem sabe, ser feliz!A alegria?Ficou pelo caminho, em alguma curva da estrada, ramelenta, empoeirada, feito menino perdido e triste. E aí você ganha a coisa, seja o que for, tem alguns momentos, uns dias ou pouco mais de comemoração mas, logo em seguida, sai correndo pra buscar outra coisa que o preencha daquilo que seu ser sente falta, porque você se sente vazio.
E tudo recomeça, sem fim...
O que fazer pra sair desse círculo vicioso, desse caminho tantas vezes percorrido que deixou marcas profundas no chão da alma, sulcos imensos?
...Há muitos anos atrás, quando Rolf ainda estava incarnado, ele contou alguma coisa sobre " o tempo horizontal e o tempo vertical". O tempo horizontal é o nosso tempo cronológico, histórico, psicológico e o vertical é o momento presente, o instante, como diz o querido Eckhart, o "Agora".
No horizontal parece que não temos saída, ele escorre das nossas mãos, estamos sempre defasados, por vezes, pesados, carregando todo um fardo passado, uma história sem fim...
No vertical, estamos presentes. O que tenho? Esse momento. O que tenho nesse momento?Uma garganta doendo, mal estar. E aí? ( parei agora e respirei fundo;fiquei no corpo sentindo o mal estar;fui observando a vontade de " sair do momento, sair do mal estar do momento")E, ao ficar e respirar, aceitei mais " o que é".
Como assim, " o que é"?
Krishnamurti já nos ensinou, há tanto tempo atrás, sobre a aceitação de " o que é". O que está acontecendo agora. Por exemplo: estou com dor de garganta.Mas não quero estar, luto contra isso. Mas ela está, no momento...Então, se luto, fico mais cansada e a coisa continua. Se aceito, começo a ter alguma possibilidade de mudar meu estado de espírito. Mudando meu estado de espírito, a garganta tem mais chance de se recuperar melhor, com certeza.
Mais ou menos a mesma atitude em relação ao que faço - erros, acertos, dificuldades - ao que sinto - dores emocionais, tristezas, culpas, raivas, mágoas, saudades.
Muito bom aplicar em relação ao outro " ele é quem ele é". Aceitando essa base, a energia de cobrança diminui. Sem energia de cobrança, o outro sente ( porque tudo é energia) e se defende menos. E nós também nos defendemos menos.Temos chance de transformar. E vamos caminhando em direção ao eu sem defesas... (Viva Susan Thesenga)
A gente vai aprendendo, fazendo a coisa na prática, sem idealizações.
Esse exercício é exigente, há um esforço nisso, mas vai nos tirando do lugar de rótulos prontos, slogans, categorias, julgamentos...Quanto mais fazemos o exercício, mais nos libertamos. E libertamos o outro também. Um trabalho sem fim. 'As vezes conseguimos e a transformação vem. Não esqueçamos que, a fase difícil desse trabalho é nosso, pessoal e a transformação não é nossa, não vem quando eu quero, não responde ao meu comando. Ela chega de um tempo novo, gira a chave e nos liberta. Mas há um processo muitas vezes árduo( porque o ego não quer fazer isso, o ego quer repetir, o ego não quer o novo...), um trabalho interno anterior a toda transformação. Não adianta querer que ela chegue antes da hora, aí a coisa se torna "de mentirinha" e ficamos naquele lugar de "falso espiritualizado bonzinho". Mas não queremos mentirinhas, queremos verdade. A verdade de cada momento.
E o cenário de tudo isso é nosso mundo interior, onde as coisas são de verdade.
Aí você pode sentir de verdade, errar de verdade, se alegrar de verdade, se conectar ao outro de verdade ( não na máscara), silenciar de verdade, estar presente no momento de verdade.
Na verdade possível ao momento.
E tudo vai mudando e se transformando , como num caleidoscópio.
Se não tem verdade, não tem alegria.
Alegria é sinônimo de verdade, amor, paz verdadeira, silêncio interno.O Sol do amor divino.
A coisa mais difícil, se aceita, se encaminha a novas alegrias. Já vivi isso, todos vivemos isso depois de momentos difíceis.
Nossa linda criança interna espera por nós desde sempre, lá dentro, espera que olhemos pra ela, espera nossa mão adulta trabalhada na aceitação e no perdão.
Pra nos dar alegria.
E aí vejo esse nosso povo brasileiro, essa nossa cultura tão viva, rica, forte, essas pernas coloridas pelo sol, vejo esse corajoso movimento necessário nesse domingo de Paulista lotada, de tantas ruas em tantas cidades do Brasil, essa criatividade que fez até um Temer-falso- chato-de-galocha-que-já-esqueceu-a-própria-criança-interna-há muito-tempo parecer divertido , cantado pelo povo através do Carmina Burana e do Aleluia, e essa nossa alegria nata, esse coração generoso...e sinto o meu coração vibrar em confiança ,junto com a dor de garganta: Temos jeito, temos saída!!
PS - Falei amor lá no título, porque esse texto é sobre o amor. Vivemos essa preparação e limpeza necessária nos terrenos de dentro e de fora, que precisam ser bem lavados para os novos tempos.
Porque escolhemos amar!
Ah, no Música e Autoconhecimento, precisa ter uma música, junto ao Carmina e ao Aleluia:
" Viver
É afinar o instrumento
De dentro pra fora
De fora pra dentro
A toda hora
A todo momento
De dentro pra fora
De fora pra dentro"
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