sábado, 7 de junho de 2025

Suíte Musical para os personagens de Flow ( dedicada a Caio, Clarice e Melissa)

 

Aura fala:

 Agora vou contar uma história a vocês:

Aquela parecia ser uma manhã normal, como todas as que Flow vivia naquela floresta.  Acordava, descia da sua caminha gostosa e ia para os encantos da mata, sentir os cheiros das flores, ouvir o canto das águas dos rios, pisar na grama macia...  Os encantos da floresta lhe entravam pelos olhos e ouvidos e ele se sentia feliz .

Voltava tardinha, passava pelo jardim , reverenciava seus ancestrais  - aquelas grandes figuras dos gatos antigos - subia com sua agilidade de gato até o andar onde ficava sua caminha gostosa e se preparava pra dormir. Sozinho. Seus olhinhos iam se fechando...e a gente notava uma certa tristeza neles, um brilho melancólico de quem vive só.

       ( Caio toca a música de Flow )

       ( Mari canta)

 

Mas o dia seguinte não foi nada normal. Quando ele foi pra sua amiga floresta ao acordar, percebeu, com sua intuição de gato, um certo alvoroço no ar e... que espanto!!! As águas , até então tranquilas, estavam subindo, subindo, engolindo a mata.

       ( sonorização das águas no piano -  Vini ou Sérgio)

       ( crianças nos chocalhos, metalofones ,instrumentos variados)

 Ele correu, correu, mas não adiantava, as águas da enchente engoliram os pontos mais altos da floresta, seu quartinho também estava inundado. Flow estava sem saída. Sentiu-se apavorado, com muito medo, como a gente fica numa situação muito difícil .

Mas como na vida tudo tem saída, como nunca estamos desamparados, viu um barco passar , viva ! - uma possibilidade de não se afogar.

Entrou no barco e, aos poucos, outros bichos da floresta foram entrando também, procurando salvação.

Um latido ao longe ( quem faz?) se aproximando e entra no barco o cachorro animadão , o Puff.

       ( Mel toca o Cachorro Brincalhão )

       ( Mari canta)

E lá vai o barco, salvando esses queridos bichos!

Crianças, não esqueçam : na vida sempre há solução e salvação.

E chega um lêmure, agitadinho, animadinho, com seus olhos faiscando. Chega cheio de objetos, super apegado, agarrado mesmo às suas coisinhas .

       ( Caio toca o Lêmure Animadinho).

Enquanto isso, o barco seguia , cada um deles se revezava ao leme, mas nossa amiga Garça, muito sábia, era quem mais dirigia. Na verdade, o barco era guiado pela Graça Divina, porque, cada bicho ali tinha a tarefa de evoluir, de superar seus pequenos hábitos, seus medos, suas distrações, seus apegos e a Garça , protegendo Flow com sua própria vida, era uma mestra e tanto. Por isso, se iluminou.

       ( Clarice toca A Garça Iluminada )

       ( Mari canta)

Não falei ainda daquela Capivara amorosa, gentil, prestativa, sempre vendo as necessidades  do companheiro e querendo ajudar.

       ( Mel toca A Capivara Bondosa )

       ( Mari canta)

E então, crianças, finalmente, as águas começam a baixar, baixar e a floresta volta a revelar seus encantos.

Esse perigo passou, e nossos amigos , agora amigos e companheiros de verdade, estão muito contentes e querem comemorar.

       ( Mel e Clarice tocam Celebração)

       ( Mari canta e todos também).

Acabou a história...

Mas...espera...parece que estou esquecendo algum personagem?

Sim, a Baleia, que passou várias vezes por aqui enquanto eu contava essa história.

(       Sonorização da Baleia , todos )

Querem mesmo saber sobre ela e como participou de tudo?

Então...só assistindo Flow .


                                              F I M


Narração - Aura

Pianistas - Caio, Clarice, Mel

Canto - Mariana

Sonorizações - Vinicius, Sérgio, André e todos

Uma história escrita e baseada na animação Flow, com músicas criadas para as crianças tocarem - por  Ellô





quinta-feira, 1 de maio de 2025

Reflexões sobre Flow - Flor I

Não sou de ver animações, mas vi Flow e me apaixonei. Primeiro porque foi um trabalho feito na contramão do sistema - baixo custo, sem todas aquelas apoteoses caríssimas tão a gosto do sistema consumista que nos incita a gastar o máximo, que nos incita a maximizar tudo, não apenas os gastos financeiros, mas seja o que for que" custe": o importante é custar e "causar" em qualquer área. Mais, mais, mais, grita o sistema, em qualquer setor da nossa vida. Uma insaciável sede de gozo que se esgota em si mesma, porque o gozo não está aí, a alegria não está aí, o encantamento não está aí, o preenchimento não está aí. Como um homem cego , de olhos vendados, num quarto escuro, procurando um gato preto que não está lá... Nessa linda e sensível animação, o personagem principal - o gato - vamos chamá-lo de Flow, habita um local lindo , uma floresta de vegetação deslumbrante , cheia de cores; ele tem seu pouso num quartinho , num andar mais elevado de uma casa. Ali ele gosta que se enrosca, ali ele está " em casa" depois dos seus giros periódicos por aí... No jardim da casa, por onde ele passa, imensos gatos ancestrais, figuras entalhadas espalhadas, enormes, enigmáticas. Ele passa por elas , como que reverenciando sua ancestralidade e pula para seu quartinho aconchegante. Aí lembramos a figura do gato nos tempos e templos egípcios, o simbolismo dele junto aos deuses e deusas;lembramos da aura de psiquismo que ele carrega: por exemplo, tem pessoas que não aguentam a fixidez de um olhar felino, como se ele estivesse desvendando nossa alma...e saem desse olhar rapidamente, sem tempo de perceber a linda amorosidade profunda que ele tem no olhar. E lembramos também o filme Um dia...Um gato, aquele belíssimo filme tcheco dos anos 60, onde o gato, personagem central do filme, no momento em que usa uns óculos ( da verdade ), revela as cores das auras das pessoas, quer dizer, as pessoas se mostram como realmente são: invejosas, traidoras, amorosas ... Enfim, tinha que ser mesmo um gato pra incorporar nosso Flow! E os autores da animação não são bobos nem nada, sabiam o que estavam fazendo. Contando um pouco : repentinamente o belo cenário da floresta muda, há uma enchente devastadora , a água vai engolindo as árvores mais altas, toda a vegetação.E nosso amigo Flow precisa sair da sua zona de conforto, do seu cantinho confortável , porque a água sobe mais e mais e logo engolirá também seu cantinho. E começa o processo de superação de Flow, sua vida de testes , os encontros com seus medos e os encontros com outros seres de outras espécies, como o cachorro, a capivara, o lêmure, a garça, a baleia ... todos também nas mesmas tentativas de sobrevivência, embora Flow seja o mais desperto de todos. Todos precisam sobreviver. E, um a um, vão se reunindo no grande barco, numa arca de Noé pequena, sem Noé.O barco vai sendo conduzido pela Graça, pela pureza de coração desses bichos, assim o caminho pela água vai sendo feito e as dificuldades inúmeras vão sendo vencidas. Mas...sim, muito importante, fundamental: cada serzinho foi superando suas maiores dificuldades "de personalidade" : Flow, seu sentimento de " quero ficar sozinho no meu pedaço", o cachorro , tão gregário, fez sua escolha de continuar ajudando seus novos e evolutivos amigos, em vez de seguir com seu bando, o lêmure foi deixando de ser auto-centrado, a garça salvou o Flow, apesar de ter o bando inteiro de garças contra ela, o coração bondoso da capivara se aprimorou mais ainda com seus novos companheiros, a baleia - mãe...ah, não vou falar, vocês é que vão entender ao verem... E assim , vão eles, nossos amigos, navegando no grande mar de Deus. E a animação ainda nos dá a cereja do bolo: ao nos unirmos, ficamos mais fortes, juntos , podemos enfrentar males,potencializamos nossa força evolutiva, encaramos e enfrentamos os perigos com dignidade, nos ajudamos mutuamente... Se quiserem mais, ainda temos mais elementos para reflexão: os nossos bichos são de espécies diferentes, vejam só! Então, é possível conviver com o diferente...( interrogação). A prática é que nos dirá o que podemos ganhar em maturidade com esse exercício! A música a ser ouvida é a Suite Musical que estamos criando para Flow, que será tocada pelos pequenos pianistas Caio, Clarice e Melissa. Em algum momento partilharei ela aqui no Música e Autoconhecimento. Abraços